quinta-feira, outubro 17, 2002

Hoje assisti a uma palestra sobre Bambu e Fibras Vegetais, bom, acho que fibras vegetais não devem interessar aos leitores deste blog, e não é disso que vou falar.
Bem para começar o nome do palestrante indicava que ele não era brasileiro, e foi só ele dizer um pedaço de palavra pra eu ter certeza disso.
Ele então começou a dizer os cursos que já fez(e foram muito) onde trabalhou, falou onde morou (Canadá, Inglaterra...), mas ainda eu não sabia de onde ele era. Sua figurinha era de uma simpatia que só vendo e ouvindo.
Ele começou a falar sobre o trabalho dele com bambu, e a resistência que brasileiros fizeram diante de suas idéias de trabalhar com o bambu.
Bem, entre um slide e outro apareceram construções na Pérsia (hoje Irã) que utilizava de materiais da região, aí ele nos disse que era a terra dele. Eu sei que isto pode não ter nada a ver, mas me amarrei no fato de eu estar assistindo a palestra de um iraniano, afinal isto nunca tinha acontecido antes.
Bem, esta pessoinha que me pareceu tão simples, simpática e sincera falou muita coisa interessante nesta palestra, vou colocar aqui o que ele disse, mais ou menos e fora de ordem porque não tenho gravador, e não anotei tudo, porque fiquei adimirando o que ele falava...
Ah, pelo que parece ele chegou ao Brasil na década de 70.

Ele disse que os brasileiros achavam o bambu um material ruim, não deram valor a sua pesquisa no início, não acreditando no material que tem disponível. Que o Brasil com muito potencial acadêmico utiliza dos produtos originados em outros países e não pesquisa sobre a utilização da sua matéria prima, em produtos específicos para o clima, a cultura, ...do brasil.
Foi nesta parte que ele mostrou a Pérsia com seus castelos construídos com solo.
E disse que hoje em dia você chega em certos países e é tudo igual, os mesmos materiais, sendo que cada tipo de lugar é diferente, e até as normas brasileiras e de outros países em desenvolvimento seguem as normas americanas, que se aplicam bem aos EUA, mas nem sempre aos outro países.

Então ele falou que muitos alunos e professores se interessam por pesquisar materiais sofisticados, criar um novo material,... mas nada disso traria para benefício da sociedade, que mais válido seria estudarem os materiais e matérias primas da região, pra que a sociedade tenha acesso da melhor forma os materiais disponíveis para ela, em termos de custos e qualidade, ele disse que as instituições de ensino e pesquisa precisam desenvolver tecnologias e materiais que melhorem a vida das pessoas, e não algo que nunca será utilizado, que este pensamento antigo tem que mudar.
Aí ele disse da forma mais natural: Agora com Lula isto deve melhorar. (ou disse algo bem parecido)

Depois falando sobre o bambu perguntou: Vocês devem saber que Santos Dumont construiu o 14 bis e Demoselle com estruturas de bambu, não é?
Simplesmente ninguém da platéia sabia, ele perguntou novamente:
Qual de vocês sabe disso? e ninguém respondeu,
Ele demonstrou muita indignação quanto a isso, ficou alguns minutos ainda tentando tirar da boca de alguém uma resposta do tipo: eu sabia!
Mas todos estavam descobrindo ali, por um iraniano,que o tão famoso avião brasileiro era de bambu.
Então ele disse: É lamentável que vocês não saibam disso.
E ele realmente estava indignado.

Um outro projeto dele foi uma bicicleta feita de bambu, que ele chamou de bambucicleta, disse que opinaram de colocar bike no meio do nome mas ele quis em português mesmo, afinal é do Brasil.E ele se disse brasileiro de coração. Esta tal opinião deve ter vindo de um brasileiro.

Ele disse que o problema do Brasil e de outros países em desenvolvimento estava no sistema de educação, e que o Brasil é um país muito rico pra viver os problemas que vive.

Bem, a palestra foi ótima!!!
:)

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