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Em nome de um país melhor
BRASÍLIA - Em 1985, o Brasil viveu um pacto nacional para driblar a frustração das "Diretas Já" e chegar à democracia com Tancredo Neves -via colégio eleitoral. O PT ficou de fora e, não satisfeito, expulsou os deputados Ayrton Soares, Bete Mendes e José Eudes por desobediência.
Em 1988, o Brasil recorreu a um novo pacto ao convocar uma Assembléia Nacional Constituinte para tirar o ranço autoritário da Carta Magna e tentar adaptá-la à redemocratização. O resultado não foi perfeito, obviamente, mas foi um avanço. O PT se recusou a assinar.
Em 1992, o Brasil se mobilizou num novo pacto com todos os setores da sociedade, os partidos, os cidadãos e os caras-pintadas e afastou o presidente Fernando Collor, que derrotara Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.
O pacto embutia a responsabilidade comum de dar sustentação política ao sucessor, Itamar Franco. O PT foi decisivo no afastamento de Collor, mas se negou a participar do pacto que foi o governo Itamar. A deputada Luiza Erundina discordou, assumiu corajosamente um ministério e acabou sendo expelida do partido.
Os anos passam, o mundo dá voltas, o Brasil amadurece e o PT finalmente deve chegar ao poder amanhã, inaugurando um marco na história do país. Um marco que se pretende de mudança, esperança, justiça, moralidade e igualdade.
E o mesmo PT que virou as costas ao pacto que elegeu Tancredo, ao pacto da Constituinte e ao pacto do governo Itamar conclama os cidadãos, os parceiros e adversários políticos para quê? Para aderir ao pacto ao qual jamais aderiu.
A situação econômica é grave, as condições internacionais são adversas e só mesmo com muita força política Lula e o PT terão condições de atravessar a pior fase de turbulência para, enfim, atender às expectativas lenta e gradualmente.
Se eu acho que os partidos devem aderir ao pacto? Acho. Mas registrando-se que todos estarão dando ao PT o que ele se recusou a dar a todos. Em nome, sempre, de um país melhor.
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