terça-feira, outubro 01, 2002

Li na Folha de S. Paulo um artigo do candidato a Presidência da República pelo PCO (Partido da Causa Operária), Rui Costa Pimenta. Durante a leitura deparei com os seguintes parágrafos (reproduzidos assim como estão no jornal):


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Para o movimento operário e o conjunto da população explorada, o grande desafio é construir uma alternativa real, nestas eleições e no próximo período: um novo partido, com um programa de luta por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.

Um partido que organize a luta pelas mais sentidas necessidades da classe trabalhadora, como a redução da jornada de trabalha para 35 horas semanais, sem corte salarial, para combater o desemprego; o salário mínimo vital de R$ 1.500, contra as propostas demagógicas defendidas pela esquerda (US$ 100, aumento de 100% etc.); a dissolução da PM e o fim da repressão contra a população pobre; o fim do vestibular, para que todos tenham acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade; o controle operário da produção; o não-pagamento da dívida externa; a revogação de todas as privatizações realizadas no país; o assentamento de todos os sem-terra, com a expropriação do latifúndio, entre outras.

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As propostas deste último parágrafo citado me deixa realmente empolgado. Mas vamos encarar os fatos: é possível fazer todas essas transformações apenas elegendo um presidente como o Rui Pimenta? A reposta é não!

Não adianta um presidente com vontade de fazer isso tudo. Pois como nós sabemos os poderes de nossa "democracia" (entre aspas) é dividido em três: Legislativo, Executivo e Judiciário. E para o presidente (Executivo) fazer alguma coisa nessas proporções é necessário que tenha apoio da maioria no Congresso (Legislativo, formado principalmente por nossos deputados). É bastante previsível a reação da maioria dos deputados, membros da elite brasileira.

Digo com convicção que o discurso do Rui Pimenta me agrada, mas a realidade vem e me dá um tapa na cara. O pensamento que me vem a cabeça é "Um degrau de cada vez". Não é por desacreditar, mas é que no cenário atual as propostas deste candidato jamais seriam realizadas. E por isso as mesmas acabam se tornando tão demagógicas quanto aquelas criticadas por ele.

[Em tempo:
procurei no dicionário "demagogia" e achei o seguinte: "exploração pessoal da excitação das paixões populares".]


Aproveitando o assunto...
Um fato a se notar é que pouca gente dá o valor merecido aos cargos de deputados estaduais e federais. Acontece que para que o teu candidato a presidente realize suas propostas é necessário que ele tenha maioria no congresso. Então, pra citar um exemplo, votar no Serra (PSDB) pra presidente e no Capelli (PCdoB - RJ) para deputado estadual é meio estranho...

Pense nisso na hora de escolher o seu "pacote" de candidatos! ;-)

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